Mudança de Hábito e Coronavírus

Por que é tão difícil praticar comportamentos novos que nos ajudam a prevenir a contaminação pelo coronavírus (covid-19)?

*Dra. Ana Rita Carvalho de Avila Negri

Você já observou como é difícil adquirir hábitos simples como não levar às mãos ao rosto, deixar de tocar o nariz e a boca?

Interessante que é bem provável que você nem sabia que levava tantas vezes a mão à boca ou ao nariz em um curto espaço de tempo, não é mesmo?

A resposta para essa pergunta é simples, porém, a mudança sugerida para esses comportamentos habituais é mais complexa do que imaginamos. Isso ocorre porque grande parte de nossos comportamentos são mecânicos, são respostas automáticas a determinados estímulos. Muitos são aprendidos por imitação e passamos a vida toda a fazê-los sem nunca pensar neles.

convid-19

Hoje, com o avanço agressivo da epidemia do coronavirus, o simples ato de levar a mão à boca ou ao nariz é considerado um comportamento de risco para a saúde. Médicos especializados e a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendam, portanto, que se abstenham de fazê-lo e que lavem e desinfete as mãos adequadamente várias vezes ao dia.

Como um comportamento se torna um hábito?

Segundo pesquisas de especialistas em Psicologia do Comportamento o hábito é um comportamento formado por uma sequência de três etapas:

  1. Um estímulo manda uma informação para o seu cérebro dizendo qual comportamento adotar;
  2. Após essa adoção há uma série de repetições desse hábito, uma rotina, que envolve esforços físicos, mentais ou emocionais, um de cada vez ou todos juntos e em seguida,
  3. Há uma recompensa, que ajuda o cérebro a memorizar e tornar esse comportamento repetitivo algo, automático, ou seja, esse processo, estímulo-resposta-recompensa, passa a ser um padrão neurológico de repostas.

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Assim, de acordo com teóricos da Psicologia do Comportamento, mudar um comportamento repetitivo não é fácil, mas é possível. O que é preciso fazer para extinguir um hábito? Primeiro é preciso tomar consciência do hábito – examinar o seu comportamento para identificar o hábito a ser modificado, por exemplo:- ”Levo a mão à boca”? -“Em que situações”? –“Com que frequência”?. Com a consciência do hábito, torna-se possível interromper o comportamento. Entretanto, é preciso associá-lo a algo desagradável, isto é, é preciso criar estratégias com foco na recompensa futura.

No caso específico da pandemia do coronavírus, para criar novos hábitos, é preciso que tome consciência consequências negativas de determinados atos, como o risco de contaminar-se com o vírus. Por sua vez, se deve associar o novo hábito - não levar as mãos à boca - a uma consequência positiva, como a proteção da saúde.

lavar as mãos

O segredo para que isso aconteça? Algumas dicas podem auxiliar a implementação desses novos hábitos. É importante que você torne o hábito algo que seja atrativo e de fácil execução. Por exemplo,  lavar as mãos com um sabonete que tenha uma fragrância que lhe seja agradável (use a sua criatividade), estabelecer previamente qual o momento propício para você irá realizá-lo, como de 2 em 2 horas, ou quando estiver com pessoas novas, receber um objeto novo ou mudar de ambiente. Depois é só praticar, praticar, praticar, repetir, repetir, repetir...

Boa sorte e vitória na sua – nossa - empreitada no combate ao coronavírus!

*A psicóloga Ana Rita Carvalho de Avila Negri possui mais de 30 anos de experiência em clínica individual e de grupo, no atendimento de casais e de pessoas de faixas etárias diversas. Para saber mais clique aqui.

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