O Medo em Tempos de Coronavírus

*Dra. Ana Rita Carvalho de Avila Negri

Quem não se lembra da frase dita ou ouvida? “Não coloque a mão na tomada...vai fazer dodói!”

Ou ainda: “Cuidado com o cachorro”, “cuidado com o carro”, “cuidado para não cair”, e assim por diante. Cada um de nós pode lembrar da frase mais impactante que o levou a evitar algum objeto ou situação por ter medo das consequências.

Essa frase nada mais é do que ensinar a uma criança o que pode causar dor ou algum dano a seu corpo e por isso deve ser evitado. Após várias tentativas de colocar a mão na tomada ou na chapa quente, ou depois de vários tombos, a criança aprende a ter medo daquele objeto, daquela situação, para não sofrer as consequências desagradáveis daquele ato.  E, assim, ela aprende a se proteger do perigo.

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Do ponto de vista da Psicologia do Comportamento, podemos dizer que o medo está associado à dor, a situações desagradáveis aprendidas nas nossas primeiras experiências de contato com o mundo.

Foi assim também que a humanidade aprendeu a se proteger. Escondendo-se nas cavernas, correndo dos animais ou das situações de perigo. Para quem gosta de filmes de animação, pode ver Os Croods, uma animação de Chris Sanders, de 2013, bem divertida, que trata da proteção da família.

A definição da palavra medo refere-se a uma perturbação angustiante em uma situação de risco ou de ameaça que pode ser real ou imaginária. O medo também pode ser definido como uma emoção primária, caracterizada por um sentimento intenso e desagradável provocado pela percepção do perigo, podendo ser ele presente, futuro, real ou suposto. 

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Então, podemos entender que o medo trata de um sentimento básico do homem que se relaciona com um desejo de proteção contra possíveis perigos. Entretanto, o medo pode ocorrer em várias escalas e a partir de diferentes causas. Por essa razão, surgem as emoções secundárias, como a angústia, a preocupação, a perturbação do humor, a ansiedade, o pânico, o pavor, entre outras. Tais emoções em alto grau de intensidade podem se transformar em doenças, os denominados transtornos de ansiedade ou fobias.

Os teóricos da Psicologia do Comportamento têm ajudado a compreender que o medo em excesso pode ser contornável e não se transformar em uma perturbação. Para ajudar você a superar as sensações desagradáveis produzidas pelo medo, para que elas não se transformem em perturbações, separamos três dicas de ouro:

  1. Aceitação – não brigue com suas emoções, aceite-as, considere que o medo é uma condição humana de proteção. Nesse sentido ele deve ser aceito como uma estratégia que o seu organismo usa para não adoecer;
  2. Autoconhecimento – investigue o histórico de suas reações de medo por meio de exercícios de busca interior pesquisando a sua história, relembrando eventos em que sentiu medo e relate para alguém ou escreva sobre isso;
  3. Mudança de padrão de pensamento – ao perceber que seu pensamento está sendo invadido por pensamentos e ideias negativas, procure mudar o foco para situações e pensamentos positivos.

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Passando para o contexto em que todos estamos vivendo nesses últimos meses, ou seja, diante da crise que a pandemia do coronavírus está a causar, o mais importante, o que mais queremos ressaltar, é que nós somos seres em constante aprendizagem.  As nossas habilidades e competências para aprender fizeram com que chegássemos até aqui.  Então, vamos colocar em prática o aprendizado de cada dia e vencer as adversidades que, por ora, estamos a encontrar em nosso caminho. Sucesso e vitória - para todos nós!

*A psicóloga Ana Rita Carvalho de Avila Negri possui mais de 30 anos de experiência em clínica individual e de grupo, no atendimento de casais e de pessoas de faixas etárias diversas. Para saber mais clique aqui.

1 comentário

Helmar Lopardi Nendes

Doutora Ana Rita. Conheço muito bem as suas qualidades como ser humano, bem-como profissional na área daPsicologia. Posso, assim, testemunhar publicamente que as suas qualidades ultrapassam muito o conhecimento profissional e se agregam ao ser humano de qualidades mil. Abraços.

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